Ópio
Por Marina Rodrigues e Raissa Tozzi
Mais um trago
Outro gole
Voltou a escrever
O papel meio mole
A vista meio turva
Tentava descrever
O poder daquela palavra
Que fazia se fazia crua
Refletida na matéria prima bruta
Do ópio da alma
Vago nesta vaga solidão
Carregando fardos e ódio no coração
Inconsciente dos fatos
Dos fardos
Dos atos, tatos, olfatos, sensações
Doses cavalares de loucura
e homéricas de razão
Fundem-se nessa imensa escuridão
E vazio
Que carrego aqui comigo
No abismo
Da imensidão da alma
Frustrado e fodido
Com a esperança arrancada
Vago nu pelas ruas do acaso
As pálpebras queimadas pelo vento gélido
Bebericando em goles lentos
Saboreando
Entorpecendo
O temor que me desperta as palavras
Preciso domesticar meu demônio interior
Escrever me basta
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